CIDADES INTELIGENTES, CIDADES MAIS HUMANIZADAS.



Por Nelino Azevedo de Mendonça


O desafio de pensar e refazer as cidades de maneira criativa, inteligente, sustentável e inclusiva requer novas perspectivas de enfrentamento que estejam para além das técnicas oficialmente instituídas e reconheçam o sentido de um novo olhar para o chão da cidade e para o coração das pessoas.
As cidades devem ser vistas como ambientes produtores de cultura, capazes de impulsionar dimensões da política, da cidadania, dos direitos humanos e das questões inerentes às subjetividades das pessoas, tendo em vista aspectos da afetividade, da espiritualidade, da cultura de paz e da interação humana. Por essa razão, velhas práticas, alicerçadas em concepções ortodoxas e funcionalistas, não podem mais dar conta da complexidade que tece a dinâmica dos novos territórios urbanos, tampouco das dimensões necessárias para a formação humana das pessoas.

O enfretamento dos grandes problemas das cidades exige novas práticas e quebra de fronteiras paradigmáticas, que na maioria das vezes, se interpõem como os maiores impedimentos para as transformações e inovações necessárias. E isso inclui, principalmente, mudança de mentalidade. Inclusive para compreender, de acordo com Edgar Morin, que “contrariamente à opinião hoje difundida, o desenvolvimento das aptidões gerais da mente permite o melhor desenvolvimento das competências particulares ou especializadas. Quanto mais desenvolvida é a inteligência geral, maior é sua capacidade de tratar problemas especiais”.
Reinventar a cidade tem a ver, fundamentalmente, com a ampliação da democratização das informações territoriais, favorecida pela utilização de novos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, de energias renováveis e limpas que estimulem a formação de comunidades participativas e a intervenção do poder público através de serviços mais inteligentes, ágeis e eficientes. Isso significa que as cidades inteligentes podem e devem impulsionar a otimização da vida urbana, tanto do ponto de vista de serviços, quanto de oportunidades.
E tudo isso, somente tem sentido, quando o horizonte a ser alcançado busca a inovação urbana, os novos formatos de desenvolvimento local com sustentabilidade, as técnicas e tecnologias avançadas na gestão dos projetos, as políticas sociais inclusivas, equitativas e qualificadoras. Ou seja, é preciso cuidar dos grandes problemas estruturais da cidade, mas, do mesmo modo, das questões locais que se encontram nas periferias, nos bairros, no chão das ruas. Em outras palavras: o poder público deve olhar no olho da população e dialogar com carinho e transparência para poder captar o sentimento das pessoas, os seus desejos e necessidades. Isso só é possível quando o governo atua com presença e participação, instituindo sempre mecanismos democráticos viabilizadores de consciência cidadã.
A ideia de consciência cidadã remete ao sentido de ética com estética. Ou seja, a construção de uma sociedade em que floresça a boniteza do mundo, como afirma Paulo Freire.  Uma sociedade em que homens e mulheres sejam protagonistas de suas histórias e afirmem pela autoestima o sentido de pertencimento em relação à sua cidade.

Nelino Azevedo de Mendonça é professor titular da Faculdade José Lacerda Filho de Ciências Aplicadas - FAJOLCA e autor do Livro Pedagogia da Humanização: a pedagogia humanista de Paulo Freire.

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